ZÓZIMO
Bulbul

o pai do cinema negro

JORGE
&nbsp&nbsp&nbspda Silva

Rio de Janeiro, 1966. Uma ditadura militar instaurada no país, apenas 78 anos passados da abolição da escravidão. Uma criança negra vai ao teatro pela primeira vez e assiste um ator, também negro, se destacar no palco. Vantoen Pereira Jr. assiste seu tio, Zózimo Bulbul na peça “Memórias de um Sargento de Milícias” ao lado de um elenco majoritariamente negro. Quase 50 anos depois, em 2013, quando está internado no que seria seu leito de morte, Zózimo pede a Vantoen que tire uma foto sua. É nesse momento em que o sobrinho percebe que precisa contar a história de seu tio: como Zózimo Bulbul – nascido Jorge da Silva – forjou sua trajetória artística, se tornando o primeiro protagonista negro de uma novela brasileira e ficando conhecido como o “pai do cinema negro brasileiro”.

A vida de Zózimo teve como pano de fundo momentos que marcaram a história do Brasil. Ditadura, perseguição política, exílio, mas também movimentos artísticos como Cinema Novo, Bossa Nova. Zózimo participou ativamente de todos, as vezes como único negro. Foi galã de novela, no primeiro casal interacial da televisão brasileira – fato tão inovador para a época, que foi censurado -, modelo de alta costura, numa época que a beleza negra não era reconhecida, ator de filmes emblemáticos do Cinema Novo e ousou dirigir seus próprios filmes, mesmo que para isso, precisasse usar pedaços de pelicula descartados.

“Meu tio foi um homem preto, lindo, culto, inteligente, talentoso, ousado, radical. Quebrou paradigmas, invadiu espaços, questionou, criou, ousou. E assim abriu espaços pra mim e pra um monte de gente que veio depois.”
Vantoen Pereira Jr